A Secretaria Municipal de Saúde, por intermédio da equipe do PSF 2 – Unidade Dr. Osvaldo Pinto, realizou na última semana, ação educativa com os funcionários da Vigilância Sanitária e Zoonose, cuja ação teve o tema “Hanseníase”.
Segundo a coordenadora do PSF 2, enfermeira Patrícia Vieira, foi abordado os seguintes tópicos: O que é a Hanseníase?; Modo de transmissão; Como se pega a Hanseníase? O que a Hanseníase causa: sinais e sintomas; Formas da Hanseníase; Como é feito o diagnóstico da Hanseníase? Como se trata a Hanseníase; Tipos de Hanseníase; O que a Hanseníase não tratada pode causar?
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium leprae (M. Leprae). Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade). Estas propriedades não ocorrem em função apenas de suas características intrínsecas, mas dependem, sobretudo, da relação com o hospedeiro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos.
A doença atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado ao poder imunogênico do M. leprae. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença. A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram o quadro da hanseníase, que há mais de 20 anos tem tratamento e cura. No Brasil, no período de 2007 a 2011, uma média de 37.000 casos novos foram detectados a cada ano, sendo 7% deles em menores de 15 anos.
A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória. Os casos diagnosticados devem ser notificados, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/Investigação.
Agente etiológico
O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resistente, em forma de bastonete. É um parasita intracelular obrigatório, uma espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos, especificamente células de Schwann. Esse bacilo não cresce em meios de cultura artificiais, ou seja, in vitro.
Reservatório
O ser humano é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados – o tatu, o macaco mangabei e o chimpanzé. Os doentes com muitos bacilos (multibacilares-MB) sem tratamento – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa nasal).
Modo de transmissão
A hanseníase é transmitida principalmente pelas vias respiratórias superiores de pacientes multibacilares não tratados (virchowiano e dimorfo), sendo, também, o trato respiratório a mais provável via de entrada do M. leprae no corpo.
Período de incubação
A hanseníase apresenta longo período de incubação; em média, de 2 a 7 anos. Há referências com períodos mais curtos, de 7 meses, como também a mais longos, de 10 anos.
Período de transmissibilidade
Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB), indeterminado e não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. Os pacientes multibacilares, no entanto, constituem o grupo contagiante, assim se mantendo como fonte de infecção, enquanto o tratamento específico não for iniciado.
Suscetibilidade e imunidade
Como em outras doenças infecciosas, a conversão de infecção em doença depende de interações entre fatores individuais do hospedeiro, ambientais e do próprio agente. Mas na hanseníase o estado de infecção ainda não foi claramente estabelecido. A história natural da doença mostra que existe uma forma de alta resistência à infecção pelo bacilo, hanseníase HT, na qual há manifestações em relação a exacerbação da resposta imunecelular, com limitação de lesões, formação de granuloma bem definido e destruição completa dos bacilos. Mas também pode ocorrer a forma de alta suscetibilidade, hanseníase virchowiana – HV, onde ocorre uma deficiência da resposta imunecelular, com excessiva multiplicação de bacilos e disseminação da doença para o tecido nervoso e vísceras. Entre estas duas formas polares, estão as formas instáveis da doença: hanseníase dimorfa – HD, podendo permanecer como dimorfa ou apresentar características tuberculoide ou virchowiana.
Na hanseníase virchowiana além da deficiência imunológica celular observa-se a exacerbação e especificidade da resposta humoral. Observa-se que os pacientes com a forma virchowiana e dimorfos apresentam no curso da evolução da doença, altas concentrações de anticorpos específicos ao M. leprae no soro, como o anti PGL-1, associados à depressão da imunidade celular.
A eficácia da resposta imune é feita por células capazes de fagocitar a bactéria e destruí-la, apresentado apenas pela sua fração antigênica – macrófagos, através do complexo principal de histocompatibilidade – MHC.
Devido ao longo período de incubação, a hanseníase é menos frequente em menores de 15 anos, contudo, em áreas mais endêmicas a exposição precoce, em focos domiciliares, aumenta a incidência de casos nessa faixa etária. Embora acometa ambos os sexos, observa-se predominância do sexo masculino.